Múltiplos Serviços
10 de fev. de 20232 min de leitura
Múltiplos Serviços
12 de jan. de 20223 min de leitura
O Sindicato da Construção Civil de São Paulo (Sintracon) paralisou três obras na capital paulista depois de constatar que trabalhadores estavam executando suas funções sem equipamentos de proteção e de higiene para evitar o novo coronavírus.
As reuniões foram feitas na manhã desta segunda-feira (27/04) em frente aos estabelecimentos em obras, na zona oeste de São Paulo: um na rua João Moura, um na rua Henrique Monteiro (ambos em Pinheiros) e um na avenida Rebouças, que corresponde a um complexo predial de 17,5 mil m². A construtora Lock é a responsável pelos três canteiros.
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, trabalhadores, sob condição de anonimato, afirmam que em uma das construções, a da rua João Moura, o mestre de obra está afastado desde o dia 15 de março e foi diagnosticado com coronavírus
. O homem, segundo os colegas, ficou mais de uma semana internado. O encarregado de obra, com sintomas, também se ausentou recentemente.
Em sua publicação mais recente no Facebook, no dia 16 de março (portanto, antes da quarentena entrar em vigor, que aconteceu no dia 24), a Lock afirma que disponibilizaria álcool em gel em suas obras.
Os funcionários têm a temperatura medida todos os dias, mas temem que o número de infectados seja muito maior, uma vez que mestre e encarregado passam por todos os andares e entram em contato com praticamente todos da equipe cotidianamente.
Mais de 180 pessoas passam diariamente pelo canteiro de obras, somando os três empreendimentos só na rua João Moura são mais de cem. O Sintracon reclama que a Lock teria realizado testes no seu corpo administrativo, mas não nos funcionários da construção civil, e pede que todos sejam examinados.
Um operário afirma que, após ficar afastado por 14 dias com sintomas, terá que pagar pela realização do teste para coronavírus (na rede pública, os testes por ora são destinados a profissionais de saúde e segurança e a doentes que possam necessitar de internação). Ele também alega que comprou a sua própria máscara de proteção, uma vez que não teria recebido o equipamento da empresa.
Um outro, também afastado, diz que não teve ajuda de custo para pagar os remédios prescritos pelo médico do hospital público onde foi atendido e teria gasto mais de R$ 260. Este diz que recebeu equipamento de proteção apenas após um colega ser afastado.
Os relatos dão conta de que álcool em gel e estações de higiene são encontrados apenas na entrada da obra, e não nos andares. Nos banheiros, faltam sabonete e papel. As máscaras, ainda segundo esses relatos, seriam fornecidas com atraso, seriam escassas e descartáveis, não proporcionando a proteção adequada ao ofício.
Em respeito às normas de isolamento social, a reportagem não foi até os locais, mas conversou com trabalhadores pela distância segura do telefone.
Os prestadores de serviço da construção civil, em sua maioria, trabalham por demanda, precisam da renda para sustentar a família.
O setor foi enquadrado como serviço essencial em São Paulo e, por isso, não teve suas atividades paralisadas durante a quarentena. O estado planeja reabrir sua economia em maio, caso a população cumpra um nível mínimo de isolamento.
Em ofício enviado às mais de 30 mil empresas cadastradas, o sindicato Sintracon determinou medidas que devem ser cumpridas durante o período de isolamento para garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores.
Todos os trabalhadores devem ter sua temperatura medida antes de entrar na construção. Dentro dela, eles precisam ter à disposição álcool em gel e estações de higiene. Um segundo ofício determinou o uso de máscaras.
Antes, o Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp) havia recebido denúncia análoga, sobre falta de equipamentos e também de sobrecarga no trabalho, referente a hospitais públicos e privados. O Ministério Público abriu um inquérito para apurar os fatos.
No último sábado, foi noticiada a morte de um carpinteiro que trabalhou gripado por duas semanas em uma obra na Vila Madalena.
Atuam na construção de um prédio de alto padrão em média mais 200 funcionários e, desde o início da quarentena, sete já foram afastados. Segundo os próprios trabalhadores, no entanto, a empresa responsável por essa outra obra, a Even, disponibilizou todo o equipamento necessário de proteção e higiene, além de aferir a temperatura dos operários diariamente na entrada.
Gilmar, o carpinteiro, não apresentou febre antes de ser afastado a gama de sintomas da Covid-19 é ampla e eles diferem muito em cada pessoa, sendo registrados casos sem febre ou mesmo com hipotermia (temperatura abaixo da média).
Foi internado num hospital no M’Boi Mirim, sem plano de saúde e, após cerca de 20 dias, morreu após ser diagnosticado com coronavírus e pegar pneumonia.
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